Brasil é líder em vírus que roubam dados bancários, diz pesquisa

Dados da empresa de segurança Kaspersky Lab apontam que cibercriminosos nacionais são responsáveis por 36% dos trojans bankers no mundo.

O Brasil ocupa um lugar de destaque no cenário mundial do cibercrime. De acordo com uma pesquisa divulgada nesta terça (24) pela empresa de segurança online Kaspersky Lab, o país é um dos líderes em produção de vírus especializados no roubo de dados bancários – conhecidos como trojan bankers.

Além disso, o Brasil é responsável por algo entre 3% a 8% dos cerca de 3 500 novos vírus criados no mundo diariamente – o pico de participação é na época do Natal, devido ao crescimento das compras na web.Já entre os trojans bankers a fatia é muito maior – quase quatro de cada 10 vírus do tipo são criados aqui. 

De acordo com Fabio Assolini, analista de malware da empresa no Brasil, 95% dos vírus desenvolvido no país tem por objetivo roubar dados bancários e número de cartão de crédito dos internautas. “E os outros 5% dão suporte para eles, roubando senhas de acesso a redes sociais e messenger, por exemplo”, disse.

Os dados de janeiro a agosto coletados pela Kaspersky mostram que 13% dos micros no país já foram infectados por trojans bancários. Na sequência, aparece o Kido (também conhecido por Conficker), com 10%. “Isso mostra como as pessoas não atualizam o sistema, pois existe um update da Microsoft para ele há dois anos”, diz o analista.

Outro tipo de infecção que tem crescido nos últimos meses é a chamada injeção de SQL. Nesse ataque, os crackers mudam o código-fonte de um site e adicionam códigos maliciosos. Ao visitar a página, esse comando é executado silenciosamente pelo navegador, e pode, entre outras coisas, instalar um malware na máquina do usuário. Tudo isso sem que ele perceba o que aconteceu. Nesse caso, uma medida paliativa é sempre utilizar a versão mais recente do browser, e evitar o uso do Internet Explorer, o mais visado pelos cibercriminosos.

Também estão começando a surgir trojans que exploram falhas no Java, inserindo applets (programinhas) Java em sites legítimos, que rodam automaticamente no micro. No entanto, nesse caso surge uma janela no navegador, perguntando se o usuário deseja executar aquele programa.

Em termos de sistemas operacionais, o Windows XP ainda responde por 57% dos micros infectados. O Windows 7 já está com 32%, e o Vista, com 12%. “Isso é preocupante, por que a Microsoft encerrou o suporte ao XP SP2”, diz o analista.

São Paulo é líder no número de infecções, com 22,5%, seguido pelo Rio de Janeiro, com 18,5% e Distrito Federal, com 10%, revela a pesquisa.

Assolini também falou sobre outros dois métodos muito usados pelos cibercriminosos no país: a mudança do arquivo “hosts” e do proxy do navegador. No primeiro caso, o vírus altera a tabela de endereçamento usado pelo Windows para encaminhar o browser a um site. Então, quando o internauta digita www.seubanco.com.br, é levado para uma cópia do site, embora na URL apareça o nome verdadeiro.

No segundo método, todo o tráfego do micro contaminado passa por um servidor “ponte” (o proxy) – uma situação ainda mais perigosa.

E as ameaças estão vindo de todos os lados – até dos amigos. Assolini diz que ja existem vírus que usam as redes sociais e os comunicadores instantâneos (principalmente o Messenger) para espalhar malware. “Por isso, tome cuidado até com as mensagens enviadas por pessoas que você conhece, pois podem ter sido geradas por vírus”, explica.

As dicas para evitar tudo isso são as de sempre: manter o sistema operacional e os aplicativos atualizados e ter uma boa solução de segurança no micro. Além disso, uma boa dose de bom-senso: afinal, clicar no link da mensagem “veja minhas fotos nua” ou “veja as fotos da traição” nunca corresponde à realidade do que é proposto, dizem os experts.

Por Renato Rodrigues, do IDG Now!Publicada em 24 de agosto de 2010 às 17h52