Steve Jobs mudou a história da computação pessoal, diz colunista

Hoje, o computador pessoal é um equipamento indispensável e faz parte da rotina de milhares de pessoas mundo a fora. Mas houve uma época em que ter um computador em casa era impensável, talvez os mais aficionados pelas histórias em quadrinhos ou seriados de ficção científica pudessem querer um computador em casa.

Porém, em geral, o mundo não via muito sentido nisso. Afinal, quem iria querer possuir um computador em casa? Eis que entra em cena um visionário com a ideia de criar computadores pessoais. Com o legítimo espírito empreendedor, em parceria com um colega de faculdade, surgiu a pareceria que iria mudar a história da indústria da tecnologia da informação.

Steve Jobs é descrito como visionário, criativo, carismático, genial e perfeccionista, características apontadas por especialistas em tecnologia, marketing e design como determinantes na consolidação da marca mais valiosa do mundo. Muitos afirmam que ele era apenas um cara bom de marketing. Eu estou entre aqueles que pensam que Jobs foi o melhor que já existiu. Mas é defeito saber vender o “próprio peixe”? Não tenho dúvidas de que a biografia de Steve Jobs será dissecada durante décadas por estudantes de design, publicidade, informática, administração.

Os produtos Apple não se resumem à publicidade. Neles foi empregada a genialidade criativa e o perfeccionismo exacerbado de quem não se contentava com menos do que a perfeição. Afinal, não bastava fazer apresentações antológicas nas apresentações de lançamento de novos produtos se depois eles não correspondessem à expectativa criada pelo público.

Ousado, Jobs trabalhava com o conceito de que “as pessoas não sabem o que querem até você mostrar a elas”. Com esse pensamento, ditou a forma como o mundo se relaciona com a tecnologia. Planejar a experiência do consumir desde o momento em ele retira o produto da embalagem até efetivamente ’se divertir’ com o brinquedo novo, é ter a sensibilidade e a capacidade de fidelizar o seu público. E isso o Steve Jobs sabia fazer como ninguém.

Tocadores de MP3 já existiam, mas foi pensando na praticidade que surgiu o iPod. Smarphones com tela sensível ao toque não eram novidade, mas com a simplicidade do iPhone o mercado de dispositivos móveis passou a rever conceitos. Com os tablets, a história se repetiu. As pranchetas eletrônicas já existiam, mas as pessoas não viam sentido nelas. Até que Steve Jobs reformulou um dispositivo que estava desacreditado, investindo num produto falido. Quem cometeria um desatino desses? Somente alguém que jamais desistiu de um sonho, digamos, ousado: mudar o mundo.

O sucesso do iPad teria sido sorte? Não acredito. Trata-se do resultado de alguém que não tem medo de inovar e concretiza ideias, mescla arte com a tecnologia. Talvez aí esteja a explicação de tanta admiração por um empresário. Jobs foi um empresário que tem fãs, macmaníacos que estão se unindo em romarias a lojas da Apple para prestar homenagens. Quantos outros produtos na história foram capazes de apaixonar consumidores fieis, mesmo que seja a marca mais cara da categoria?

Na época em que eu estava iniciando na carreira de profissional na área de tecnologia da informação, recebi um e-mail com um texto sensacional e que supostamente seria a transcrição de um discurso feito pelo Steve Jobs em uma cerimônia de formatura. Descrente sobre a veracidade daquelas palavras, tratei de pesquisar. De fato o texto era verdadeiro e descobri que se tratava do famoso discurso de Steve Jobs para os alunos na Universidade de Stanford.

O conteúdo desse discurso pareceu muito com um conselho de um grande amigo e serviu inspiração para eu continuar “faminto” e “bobo” em busca de conhecimento, sem medo de fracassar. Acho que foi um dos melhores conselhos que alguém poderia ter me dado naquela época e que hoje ainda reflete em tudo o que faço.

Ronaldo Prass é programador de sistemas sênior e professor de linguagens de programação em cursos de extensão universitários.

Fonte: Globo.com