Consumerização: aliada ou inimiga da equipe de TI?

Ela permite à equipe de tecnologia ter mais tempo para desenvolver aplicações que reduzem custo e acrescentem valor ao negócio, diz analista da Forrester.

A consumerização de TI está associada com a facilidade de uso, interfaces atraentes, funcionalidade intuitivas e preços baixos. No mundo corporativo de TI, este movimento tem sido descrito como a penetração dos dispositivos móveis como iPhone, iPad, celulares Android e tablets comprados pelo próprio usuário. Esse fenômeno vai alcançar dimensões cada vez maiores, não há dúvidas. E esse cenário se fortalecerá à medida que as organizações cederem à pressão para apoiar o BYOT – traga seu próprio dispositivo pessoal para a empresa.

Mas com tecnologias baseadas em nuvem finalmente amadurecendo, mais e mais funções dos departamentos de TI estão sendo terceirizadas para fornecedores de cloud. Isso significa a morte do departamento de TI? Dificilmente, diz Matthew Brown, analista da Forrester Research, para quem a cinsumerização está liberando os departamentos de TI corporativos para realizar tarefas mais complicadas, agregando mais valor às empresas.

Nesta entrevista, Brown aborda as oportunidades que a consumerização abre para profissionais de TI.

CIO – Por que acredita que a consumerização não tira valor da TI?

Matthew Brown – Algumas pessoas estão alegando que como a tecnologia ficou mais fácil de consumir, especialmente na forma de autoserviço, o papel da TI estaria com os dias contados. Quem diz isso se baseia no princípio de que tudo que a TI faz é executar atividades de baixo valor, para manter a loja em pé. De fato, se você olhar sobre esse prisma… O que deveriam pensar é que a TI terá mais tempo para se ocupar de mais atividades que acrescentem valor, como a construção de novas aplicações e serviços, que tirem proveito da consumerização, inclusive.

CIO – Você pode dar exemplos?

MB – Durante uma conferência na semana passada ouvimos de Roberta Cadieux, diretora de sistemas de informação da Kraft Foods, que sua equipe uniu esforços para transformar a experiência de trabalho, com a implementação de tecnologias de colaboração baseadas em vídeo e maior uso de ferramentas de mídias sociais. Isso permitiu que a empresa adotasse a prática do trabalho remoto.

E gastar menos com telefonia fixa, substituída por sistemas VoIP. Portanto, não se trata apenas de disponibilizar novos serviços que não tinham antes, mas de cortar alguns custos, sem sacrificar a produtividade. Sua equipe gastou 80% do tempo atualizando sistemas e redefinindo senhas para as pessoas, mas a Kraft agora está tendo um impacto maior nos negócios.

CIO – Se você é um profissional de TI que se especializou mais em tecnologia do que em entender o mundo dos negócios, quais habilidades deve adquirir para se manter relevante?

MB – Se você é um cara de TI que nunca pensou em fazer um curso de finanças ou de marketing, é hora de começar a pensar seriamente nisso. São habilidades que você vai precisar.

No fim das contas, haverá um mercado para o profissional de TI que trabalha essencialmente para manter as luzes acesas, mas muitos desses empregos serão absorvidos pelos provedores de serviços de cloud computing.

Existem algumas tendências interessantes para o mercado de aplicativos corporativos que os profissionais de TI deveriam olhar com mais atenção. Muitas empresas têm estudado o modelo da Apple e pensado: “não seria ótimo se pudéssemos ter um hub central para que as pessoas pudessem escolher que aplicações usar?”.

Há vantagens interessantes do ponto de vista dos trabalhadores. Por exemplo, poderia haver um aplicativo de gerenciamento de despesas que eu poderia usar durante as viagens, tornando mais simples o preenchimento e a entrega dos relatórios de despesas.

A nuvem traz riscos, mas também enormes oportunidades.