O CIO de hoje precisa estimular a agilidade

Não basta para o líder de TI compreender o papel da tecnologia nos negócios – ele deve potencializar o negócio. Nesse sentido, a falta de agilidade tem um preço muito alto.

O trabalho de um CIO não é mais o que costumava ser. Já não são métricas de sucesso de um data center ou a alta disponibilidade de sistemas – agora os CIOs lideram os processos de negócio, e a tecnologia é uma ferramenta para isso. A métrica que uma empresa deve utilizar para medir o desempenho do seu CIO hoje é a suaagilidade em sugerir e implementar inovações tecnológicas alinhadas com o negócio. As empresas que não a utilizam – ou que restringem a capacidade de seus CIOs de maximizar a agilidade – terão grandes desafios no mercado atual.

Uma pesquisa anual da McKinsey sobre executivos de empresas de TI aponta que as organizações planejam gastar mais em tecnologias que irão ajudá-los a impulsionar a inovação. As expectativas para melhorar a eficiência dos processos de negócio permeiam 45% da opinião dos entrevistados. Por outro lado, 44% preveem redução dos custos de TI.

Destaca-se nessa pesquisa a evolução do papel do CIO, com crescente demanda por apoio na criação de valor ao negócio.  Cerca de 40% dos entrevistados indicaram que é prioridade para a empresa ter gestores de TI com informações para apoiar o planejamento, a tomada de decisão e a agilidade do negócio, número bem acima dos 30% constatados na mesma pesquisa há apenas um ano.

Para exemplificar melhor o que significa criar valor e agilidade para o negócio,  vamos falar de um exemplo prático. Suponha que uma empresa queira lançar um tipo de serviço que nunca vendeu antes, e que precisa ser vendido online, como uma assinatura. Primeiramente, será preciso modificar os sistemas de faturamento para processar os pagamentos de assinatura, e então trabalhar na interface no banco de dados do cliente. Os sistemas financeiros precisarão de ajustes para reconhecer rendimentos recorrentes e a empresa necessitará de um processo de entrada de pedido manual para solicitações via telefone. Por último, mas não menos importante, será necessário acrescentar alguns parâmetros adicionais para o site porque esse novo serviço é configurável.

Agora, multiplique tudo isso por dois, cinco ou nove, pois é a quantidade de sites que a empresa opera globalmente. Por que existem tantos? Porque a empresa cresceu organicamente. Cada vez que adicionou uma região nova ou adquiriu uma empresa, adicionou também outro site em um novo grupo de servidores em um banco de dados.

Esse tipo de mudança no negócio, ou de inclusão de possibilidades para os clientes, gera uma série de reestruturação dos sistemas de TI que pode levar meses e até anos, dependendo do quanto a empresa está voltada para inovação. E sempre que a infraestrutura de TI da companhia não consegue incorporar rapidamente um novo processo de negócios que proporcionaria a ela uma vantagem competitiva, perde-se o índice de agilidade.

A falta de agilidade de muitas organizações pode ser resolvida com maior foco em investimentos para aperfeiçoamento de seus sistemas – eliminando variações regionais do mesmo aplicativo,  reduzindo o número de aplicativos,  virtualizando servidores. Porém, esse aperfeiçoamento não é atraente. Em tempos economicamente difíceis, isso facilmente é deixado para depois, já que não parece ser urgente. Até que chega o dia em que seria bom adicionar uma nova opção de pagamento ou lançar um produto, e o departamento de TI não pode realizar uma inovação que faria grande diferença no resultado final da empresa.

Adiar o investimento de TI que aumente a agilidade não é uma maneira de reduzir custos e sim uma forma de subsidiar a ineficiência. Não é coincidência que o exemplo apresentado tenha relação com o site da corporação e sua capacidade de incorporar novos produtos ou processos. As transações online são uma ilustração perfeita do quanto a separação entre o negócio e a tecnologia est’ diminuindo. Antes, a tecnologia era uma ferramenta que facilitava operações, agora, está integrada em todos os aspectos e processos do negócio. Os negócios online não existem sem a tecnologia. Quase todas as funções importantes para o marketing são movidas à tecnologia – previsão de demanda de produtos, ligações, mensagem etc. Vendas, serviços, comunicação –  todos esses recursos estão intricadamente ligados à tecnologia. O banco de dados é o último deles.

Quando a agilidade é o objetivo, deve-se assegurar que está medindo os aspectos corretos, que levarão a empresa ao sucesso. Muitos líderes de TI monitoram prazos de desenvolvimento e métricas de entrega, enquanto empresários tendem a medir o tempo para o lançamento. Mas, quando ou se um projeto cumpre seu prazo de entrega não é o que mais importa. O propósito da TI é criar valor para a empresa, então a pergunta que deve ser feita é se dado projeto entregou os benefícios prometidos.

É por isso que não basta para o CIO de hoje compreender o papel da tecnologia nos negócios – ele deve compreender e potencializar o negócio! Tecnologia e negócios são a mesma coisa. Não investir pode custar caro e a falta de agilidade tem um preço muito alto. Adiar a busca pela agilidade pode colocar o negócio em risco, e, provavelmente, seja vital em um momento em que a empresa maisprecisa.

(*) Felipe Soares é Diretor de TI da Dell.