Como preparar sua empresa para internacionalização
Os cenários de negócios sempre evoluem conforme o momento e, a estabilidade econômico-financeira do Brasil está levando muitas multinacionais brasileiras a refrearem investimentos no exterior para focar em operações locais. No entanto, trata-se de uma situação provisória e propícia para organizar os processos de internacionalização para os próximos anos.
Preparar-se para o comércio global adequadamente tem muitas vantagens. Não só minimiza os riscos da operação internacional como também aumenta a competitividade. E, por tabela contribui consistentemente para o negócio local, não só pela escalabilidade e possibilidade de alcançar novos mercados, mas pelos ganhos de visibilidade de resultados e indicadores (KPIs), além da sinergia de operações pela uniformização de processos. A questão é como saber o quanto a companhia está ou não preparada para rollouts?
Considerando que cerca de 60% dos negócios de empresas precisam de tecnologia e esta dependência será de 88% até 2015 (pesquisa Next Generation CIO), o primeiro ponto a ser analisado é o sistema. Este foi desenvolvido considerandorollouts. Na maioria dos casos, isso não aconteceu. A razão é que, ao contrário de países como a Alemanha, no qual 60% do PIB vêm de operações internacionais, rollouts não fazem parte da cultura do empresário brasileiro.
E, além de ser algo novo para o Brasil, o caminho para rolloutsnão é simples e exige muito mais do que se imagina. Um dos fatores mais críticos é o gerenciamento da mudança. É preciso grandes habilidades de liderança para lidar com certa resistência local gerada por diferentes razões, tais como: escopos de processos globais demasiadamente ambiciosos; ou estão ignorando necessidades locais existentes (legais ou não); ou o processo torna-se transparente e pode ser entendido como uma ameaça; ou os líderes de processos locais não foram envolvidos desde os estágios iniciais; e ainda é difícil mudar antigos padrões de comportamento.
Sob o ponto de vista de negócios, o primeiro pré-requisito é a análise dos processos globais que serão replicados, os quais devem estar maduros para que manutenções recorrentes não impactem as unidades locais. Ao contrário, processos globais são avaliados de tal forma que contribuem para melhorar as estratégias de negócios existentes. A partir de então, passamos para a definição do template.
O template é o conjunto de processos e arquitetura de sistema global que será replicado nas unidades de outros países e, a decisão do modelo ideal deve ser feita com base nas características da empresa.
Um projeto internacional de sucesso passa pela definição de um template consistente e com abrangência adequada ao negócio; pela observação das diferenças locais, sejam elas regulatórias, práticas de mercado, organizacionais ou culturais; e obviamente pela escolha de um time (equipe interna e parceiros) com conhecimento das melhores práticas e excelência técnica.
Para tanto, é fundamental um trabalho de uniformização e alinhamento de processos e plataforma tecnológica. Além disso, é preciso estar ciente das disposições legais regionais e cumpri-las, preparar suas soluções de comunicação eletrônica para atender aos funcionários, diretoria, fornecedores, parceiros logísticos, aos próprios clientes e às autoridades aduaneiras.
Em alguns casos, a avaliação e estrutura tecnológica adequada trazem vantagens competitivas consideráveis, como na gestão aduaneira, processos de negócios sob controle aduaneiro, gestão de rentabilidade e compliance, e é especialmente benéfica no controle alfandegário e no gerenciamento de lucro.
Por conta de tantos cenários, as operações internacionais exigem um software flexível. E, além disso, o empresário precisa pensar e escolher bem as parcerias regionais. Mesmo com abundância de recursos tecnológicos, fator humano ainda faz toda a diferença em um projeto de rollout. Entender as especificidades legais de cada país, conhecer o perfil do cliente/consumidor da região, assim como a melhor forma de abordá-los são fundamentais para o sucesso da internacionalização.
* Frank Dorr e Cláudio Elsas são sócios da Lodestone Management Consultants no Brasil
Fonte: Computerworld