Cloud? Empresas migrarão para o modelo híbrido

Grande parte das preocupações dos executivos de TI em relação à adoção da computação em nuvem têm como base o medo de lidar com o novo

GUSTAVO TREVISAN* – 03 de novembro de 2014

Nos últimos anos, a modalidade de cloud computing (termo utilizado para descrever a nuvem digital que permite aos usuários de computadores e empresas armazenarem dados e utilizarem serviços por meio de servidores remotos), tem centralizado as atenções no mundo da tecnologia, despertando o interesse da mídia.

Segundo o Gartner Group, este ano as companhias gastarão nada menos que US$ 13,3 bilhões com computação em nuvem, o que representa um crescimento de 45% em relação a 2013 – mas ainda o equivalente a menos de 10% do total investido em data centers corporativos. Uma simples busca no Google Trends pelo termo cloud computing mostra o início de interesse por esse modelo computacional teve início em 2008, aceleração em 2009, o pico em 2011/2012 e, a estabilização, em 2013. O que isso significa? Ela mostra graficamente que a computação em nuvem deixou de ser uma novidade e passou a ser algo vital para os negócios.

E esse setor passa por outro importante estágio de transição. O estudo Business Cloud in Brazil: At the tipping point of accelerated adoption: Research Report 2014 (Nuvem corporativa no Brasil: No ponto crítico da adoção acelerada: Relatório de Pesquisa 2014, em português), primeira pesquisa sobre os modelos emergentes de infraestrutura corporativa e ambiente de aplicação na era da nuvem, da Capgemini, mostra uma clara tendência de migração das chamadas nuvem privada e pública para um modelo híbrido.

Sabemos, pelos nossos clientes, que grande parte de sua estratégia de adoção da nuvem é determinada pela necessidade de segurança e de controles mais rígidos – para poder lidar com os desafios internacionais do ambiente macroeconômico – e de um retorno positivo de seus investimentos na nuvem. Por isso, a tendência é que, dentro de alguns anos, a maioria das organizações passe a adotar a nuvem híbrida, devido à quantidade de aplicações e cargas de trabalho que podem ser processadas nesse ambiente.

O levantamento da Capgemini, realizado com 415 executivos de tecnologia de médias e grandes empresas públicas e privadas no Brasil, entre março e abril de 2014, projeta que, até 2019, se os modelos privados internos e externos e os híbridos forem combinados, a nuvem privada/híbrida será claramente a opção de 74% dos entrevistados, deixando a nuvem pública “pura” com apenas 17%.

O momento atual de adoção deixa claro que não há um modelo dominante no Brasil. As pequenas companhias tendem a utilizar a nuvem pública, enquanto as médias e grandes optam mais intensamente por nuvens híbridas. Porém, nos próximos anos, esse cenário deve mudar, com a migração do modelo privado para uma variedade de opções que combinam a cloud computing pública e a privada.

Com a redução do ritmo de crescimento na economia brasileira, as empresas têm buscado mais eficiência e agilidade. Nesse cenário, o modelo de Software-as-a-Service (Saas) desponta como o mais procurado pelas companhias do País na hora de abraçar a cloud computing. No levantamento da Capgemini, 73% dos entrevistados apontaram o SaaS como sua escolha, com o Platform-as-a-Service (PaaS) e Infrastructure-as-a-Service (IaaS) adotados por 39% e 55% das companhias, respectivamente.

Grande parte das preocupações dos executivos de TI, em relação à adoção da cloud computing, têm como base o medo de lidar com o novo. É o caso das questões relacionadas à segurança. A proteção dos dados é uma das principais preocupações no Brasil, uma vez que o País tem sido alvo de ciberataques, o que causa impacto em setores como os de comércio eletrônico e bancário. Em nossa pesquisa, ao serem questionados sobre barreiras para a adoção da computação na nuvem, 62% dos entrevistados afirmaram temer  brechas de segurança.

Muita gente acredita que as nuvens públicas são responsáveis por um maior risco de acesso indevido aos dados, quando comparadas com o armazenamento local das informações. No entanto, o furto de informações sigilosas, e mesmo uso inadequado de equipamentos, é comum atualmente, independentemente dos serviços estarem ou não na nuvem. Apesar disso, antes de migrar, a companhia deve fazer uma extensiva verificação do nível de risco que a iniciativa representa, além de checar a capacidade de proteção que o provedor de serviços oferece. Como a nuvem não está 100% madura, nem todos os fornecedores de serviços são capazes de oferecer a segurança que sua empresa tanto precisa.

*Gustavo Trevisan, diretor de soluções integradas da Capgemini.

Fonte: Computerworld