Empreendedorismo no mundo mobile

Várias pesquisas e índices apontam o Brasil como um dos países onde mais se encontram empreendedores. Segundo avaliação do Banco Mundial, o país cria 316000 novos negócios por ano, o que nos coloca em terceiro lugar no mundo. Perdemos apenas para Estados Unidos e Reino Unido. É importante ressaltar que a China não entra na pesquisa por falta de dados confiáveis.

Não vamos discutir aqui os motivos sócio-econômicos deste fenômeno, ou o percentual de empresas e negócios criados que realmente passam dos cinco anos de vida. Porém, a informação, por si só já é de extrema relevância. E neste artigo vou falar deste ponto somado a outro fato. No mundo da tecnologia e, mais especificamente no mercado mobile, nunca foi tão fácil começar seu próprio negócio.

Para abrir uma empresa temos vários passos, desde encontrar nossos sócios, definir um bussines plan, até alguns mais jurídicos, como toda a documentação necessária. Mas acredito que o principal ponto, principalmente para jovens empreendedores, seja a questão financeira. Como arrumar dinheiro para investir na marca, na divulgação, na logística e na estrutura física?

Pois, para nós desenvolvedores mobile, a grande questão financeira foi abolida. Primeiro, a estrutura física pode ser nosso quarto ou a sala de estar. Não é necessário ter um escritório formal. Basta ter nossa workstation. Porém, na maioria dos casos podemos precisar de um design. Tudo bem, todos nós conhecemos algum amigo ou colega de trabalho que pode ser nosso sócio e supre perfeitamente esta lacuna quase certa de desenvolvedores.

Mas como vamos divulgar nosso trabalho no mundo inteiro? Uma grande ideia dos novos sistemas operacionais para mobile foi criar um ecossistema de aplicativo, incluindo um ambiente unificado de divulgação que gira em torno de suas lojas virtuais. Hoje, se vamos programar para BlackBerry, Windows Phone, Android ou iOS, em todos os casos temos uma “lojinha” disponível para alavancarmos nosso negócio. Basta ter uma boa ideia em mente e o caminho já está começando a ser construído.

Outra questão seria o custo de produção. Isto também tende a ser zero dependendo do seu produto em mente. A não ser que envolva a criação de algum hardware e a consequente aquisição de circuitos digitais, engenheiro eletrônico, etc, seu único custo será o tempo dispensado. Por exemplo, digamos que para seu produto estar pronto, necessite de 200 horas de trabalho. É possível tirar 2,5 horas nos dias de semana e 8 horas por final de semana. Neste cálculo, seriam necessárias cerca de 10 semanas, ou seja, aproximadamente 2 meses e meio para seu produto estar pronto, sem custo real nenhum.

Além disso, se a sua empresa que está sendo concebida necessitar de reuniões de negócio entre os futuros sócios, nada impede que este encontro formal seja feito em uma lanchonete. Ou no aquecimento e entre os intervalos dos exercícios físicos da academia. Ou ainda, antes daquela famosa pelada disputada em uma noite da semana. No final do jogo, em vez de ficar discutindo os jogos da rodada do final de semana do campeonato brasileiro, podemos discutir sobre os negócios. Ou seja, com a mobilidade e criatividade, não temos mais barreiras físicas.

A quebra de barreiras geográficas é outro ponto interessante. Passou o tempo onde o home working era visto com certo pre-conceito. Além disso, soma-se o fato de que, para que uma empresa seja madura o suficiente para passar da fase embrionária e conquistar mercado é de suma importância a confiança total entre os sócios. Todos devem querem, e muito, ver o sucesso do negócio que estão criando. Desta maneira, é perfeitamente possível ter uma empresa diluída no Brasil inteira, conectada por mensageiros eletrônicos e reuniões pré-agendadas através de qualquer ferramenta no estilo Skype.

Temos também um outro passo importante na criação de uma empresa: a pesquisa de mercado. Aqui podemos ter algum gasto. Porque além da vasta pesquisa e questionários que devemos criar e pulverizar na maior quantidade de redes sociais possíveis, dependendo do escopo do projeto, será necessário fazer uma pesquisa presencial com nossos futuros clientes. Talvez criar grupos de discussões e de análise do produto. Ainda bem que está não é a grande despesa que temos na concepção de um negócio.

Se não bastasse todos estes pontos positivos, podemos citar também uma palavra-chave: paixão. Várias obras de diferentes autores citam a paixão como um ingrediente chave nas empresas nas próximas décadas. Isso porque, os produtos tendem a ficar cada mais iguais, diferenciando-se e ganhando mercado por valores intangíveis.

Na obra “A NeoEmpresa: o futuro da sua carreira e dos negócios no mundo em reconfiguração”, do autor César Souza, encontramos o seguinte parágrafo: “Está havendo uma migração do foco industrial para o de serviços, do produto para o cliente, do analógico para o digital, do padronizado para o personalizado, da produção em massa para a customização, do fixo para o móvel, do previsível para o volátil, da mesmice para a diversidade, do físico para o virtual, do institucional e genérico para a individualidade, da indiferença social para a cidadania. E, principalmente, do mundo tangível para o intangível”.

Sendo assim, nós, programadores mobile, podemos tirar um tempo livre do dia, da noite ou, da madrugada, e fazer aquilo que mais gostamos: programar. E de quebra, podemos por acaso acabar dono de uma empresa que passe a valer alguns milhões de dólares.

Para finalizar, podemos citar outro fator que tem muito a ver com o perfil dos desenvolvedores mobile. A busca por opções de investimentos que garantam uma vida futuro estável, cresce cada vez mais entre os jovens. De opções mais conservadoras até as mais arrojadas, pessoas que ainda chegaram aos 30 anos de idade estão cada vez mais presentes. Além disso, os desenvolvedores mobile são, na sua maioria, pessoas consideradas jovens. Sendo assim, podemos chegar a uma conclusão: podemos utilizar o sonho de construir uma empresa como uma forma de investimento, afinal, na ordem de risco, temos a opção da bolsa de valores e o empreendedorismo caminhando lado a lado. Podemos ganhar muito dinheiro ou perder uma grande quantia, exceto por um grande porém. Em uma empresaa mobile, como mostrado aqui, temos um investimento inicial pequeno ou nulo.

Conclui-se então que temos tudo para passar os Estados Unidos e Reino Unido no ranking do empreendedorismo. Basta criar um produto um serviço e adicionar uma pitada de nosso amor pelo desenvolvimento. Vamos estar oferecendo aos nossos clientes o que eles precisam com uma boa dose de valor intangível. A hora é agora!

Fonte: ITweb