Por que as empresas brasileiras precisam inovar?

Inovação é um termo que tem sido usado à exaustão nos últimos anos. A sensação passada pelo mercado é de que “tudo” deve ser inovador. Grande e interminável desafio, conhecido pelos empresários, que buscam a sustentabilidade de seus negócios.

Mas por que isto tem acontecido de forma tão forte no Brasil nestes últimos anos? A história recente brasileira ajuda a entender esses porquês.

Até o início dos anos 90, o cenário econômico brasileiro caracterizava-se pela combinação de inflação alta e economia fechada. A inflação mantinha os preços em constante elevação, fazendo com que a população, num movimento de “salve-se quem puder”, corresse às compras tentando esticar o dinheiro.

Circunstancialmente, situação cômoda para a indústria, pois tudo o que ela produzia, ela vendia com margem assegurada. A dificuldade de prever custos, impedia que a maioria dos empresários fizessem investimentos em novas plantas industriais.

A produção não crescia proporcionalmente ao consumo e a economia fechada fazia do mercado brasileiro uma ilha, totalmente dependente do mercado interno. Então, sem a concorrência, a inovação acabava não sendo uma preocupação das empresas.

Mas a lógica do mercado se inverteu. Com a inflação baixa e a abertura da economia, os efeitos da globalização foram sentidos imediatamente no Brasil. A forte concorrência dos produtos importados, que chegavam mais baratos e em grande quantidade, reduziu os preços ao consumidor final e gerou uma reação em cadeia.

O novo momento econômico levou a população a comprar apenas o essencial da hora, reduzindo as vendas e as margens de contribuição. Não era mais possível, às empresas, simplesmente calcular o custo dos produtos e agregar a margem desejada.

Agora quem mandava era o livre mercado. Foi este o movimento responsável pelas empresas brasileiras passarem a investir na melhoria continua da produtividade e da qualidade, para poder concorrer, em preço, com os produtos estrangeiros.

A melhoria de produtividade e qualidade tiveram uma curva ascendente e alcançaram seu limite. Chega um momento em que todos os fornecedores oferecem a mesma qualidade, com preços muito próximos, criando o que se costuma chamar de comoditização, onde apenas o preço é importante.

As margens ficam muito pequenas e é necessária a geração de escala para a sobrevivência, o que nem sempre é possível. Daí surge a exigência por inovação. É ela que gera a diferenciação, permitindo a fuga da comoditização e a prática de preços diferenciados, com margens de lucro suficientes para a sustentabilidade dos negócios.

*Moacir Pogorelsky é vice-presidente de Tecnologia de Gestão da Informação da Assespro-RS e Presidente da Sadig.

Fonte: Baguete