Inovação é aliada da redução de custos em TI
Por anos líderes de TI têm falado sobre um melhor alinhamento de TI com os objetivos de negócios para estimular a inovação. O que é diferente hoje é o senso de urgência
A recuperação econômica está se movendo em um ritmo instável, mas a ênfase na redução de custos de TI que dominou as agendas nos últimos anos está compartilhando a ribalta com um imperativo mais interessante: a inovação.
“Apesar da pressão para reduzir os custos de toda a empresa, estamos aumentando significativamente o nosso investimento em TI em 2013”, diz Michelle Kaufman, diretor de TI da Supplies Network, uma atacadista de suprimentos e serviços empresariais de St. Louis. “Estamos escrevendo software para automatizar vários processos em toda a empresa, o que a longo prazo vai nos tornar uma empresa mais enxuta e eficiente. Estamos investindo em nossa tecnologia de gestão de impressão e em nossas opções de conectividade B2B, nos dois casos para aumentar a receita. Estamos investindo em tecnologia como o VMware View e o Microsoft Terminal Services para permitir que a força de trabalho remota atenda as necessidades da empresa, independentemente da localização. Todos esses investimento têm retorno a longo prazo. ”
As empresas sempre contaram com a TI para aumentar a eficiência, e por anos os líderes de TI têm falado sobre um melhor alinhamento de TI com os objetivos de negócios para estimular a inovação. O que é diferente hoje é o senso de urgência.
A crise financeira global, que derrubou os gastos fora de TI, criou uma demanda reprimida para tecnologia, e as empresas ainda estão em modo catch-up. Ao mesmo tempo, a integração de novas tecnologias, especificamente computação em nuvem, está pressionando as organizações a repensarem a sua abordagem de TI.
“A computação em nuvem tem acelerado o ritmo da mudança, inegavelmente”, diz Andi Mann, vice-presidente de soluções estratégicas da CA Technologies. Com a disponibilidade de serviços em nuvem, start-ups em setores como varejo, saúde e mídia, por exemplo, podem estabelecer-se sem fazer enormes investimentos em tecnologia. “Nós vimos novos concorrentes entrarem em mercados lotados, e eles puderam fazê-lo com baixo investimento, porque não têm infraestrutura para comprar ou um data center para montar.”
Mas não é apenas a computação em nuvem. Outras tecnologias disruptivas no trabalho incluem computação móvel, mídia social e ferramentas tais como virtualização, capazes de torná-lo mais ágil.
“Essas tecnologias estão mudando a maneira com que as empresas estão oferecendo novos produtos e serviços aos seus clientes”, diz Mann. “Elas podem fazer mais rápido por causa da computação ágil. Eles podem fazer em grande escala por causa da nuvem. Eles podem chegar a um público mais amplo com a mídia social. Eles podem oferecer produtos e serviços de maneiras totalmente novas, a públicos inteiramente novos, utilizandomobilidade”.
Segundo a IDC, em 2013 os gastos com TI em todo o mundo deverá superar 2,1 trilhões de dólares, alta de 5,7% comparado ao ano de 2012. O maior condutor desse crescimento será a venda de dispositivos móveis inteligentes, incluindo smartphones e tablets, que irão crescer quase 20% em 2013. A IDC também prevê um crescimento saudável em software e nos gastos com serviços. Já o Gartner prevê que os gastos mundiais com TI deverão alcançar 3,7 trilhões de dólares em 2013, com aumento de 4,2% sobre os valores que as companhias desembolsaram em 2012. O maior mercado para investimentos continuará sendo o de telecomunicações, que responderá por 1,7 trilhão de dólares dos gastos totais previstos para 2013. Os analistas do Gartner afirmam que parte destes valores será aplicado em serviços de dados móveis para compensar o declínio dos serviços de voz fixa e sem fio.
Portanto, como implementações de mobilidade em nuvem e virtualização vão continuar, há uma oportunidade para que a TI desempenhe um papel mais ativo na condução do crescimento de novos negócios. É uma transformação difícil, e isso não vai acontecer de um dia para o outro.
Eficiente ou inovador?
“A maioria das empresas depende hoje da TI para aumentar a sua eficiência organizacional”, diz Bask Iyer, CIO da Juniper Networks. Isso é uma melhoria de, digamos, 10 anos atrás, quando a TI era vista principalmente como um poço sugador de dinheiro. No entanto, “os esforços da área de TI ainda estão aquém das expectativas para impulsionar o crescimento em novas áreas”, diz ele.
A Juniper patrocinou um estudo realizado pela Economist Intelligence Unit, que pediu 474 executivos de TI e de negócios de empresas dos EUA, Alemanha, Japão e Reino Unido para opinarem sobre como o papel da TI está mudando. Quando os entrevistados foram solicitados a descreverem ao principal pale da TI, as três principais respostas foram: melhorar a eficiência nos processos de negócio (citado por 52%); corrigir problemas de hardware e software (32%); e melhorar a segurança para mitigar potenciais ameaças relacionadas à TI (25%). Muito poucas empresas disseram que estar colaborando com sucesso a partir de iniciativas estratégicas de TI como a identificação de novas oportunidades de mercado (9%), a identificação de inovações (6%) e o desenvolvimento de uma estratégia competitiva (5%).
Para mudar isso, profissionais de TI precisam sair dos bastidores, conhecer os executivos de negócios e os usuários finais, e tornar-se mais colaborativos, diz Iyer.
Preconceitos terão que ser derrubados. Os executivos de negócios têm dado nota baixa para a TI quando o assunto é permitir e apoiar a inovação, diz Mann.
Para mudar é preciso começar convencendo seus pares de que você pode ajudar a impulsionar a inovação, que você é mais do que apenas um departamento de serviço, mais do que apenas um mordomo para os grupos de negócios”, diz Mann.
É importante para a TI demonstrar a disposição de considerar a computação em nuvem, por exemplo, pela sua velocidade e agilidade – mesmo que isso signifique abrir mão de controle. “Mostre a eles que você está pronto para adotar tecnologias móveis, e em apoiar o BYOD. Pare de dizer não a todas essas coisas”, diz Mann.
Se você não fizer isso, os executivos vão tomar o assunto em suas próprias mãos. Em alguns casos, eles já têm deixado a TI de lado, através da compra de seus próprios dispositivos móveis e contratos para serviços em nuvem. “Você pode chegar na frente deles, encontrar as melhores opções, e apresentá-las aos colegas das áreas de negócios”, diz Mann. Isso não vai eliminar a ameaça, mas mapear como a TI pode ser “melhor, mais segura, mais barata e mais fácil de gerir”.
Colaboração empresarial é um imperativo. Kaufman, da Supplies Network, diz que o importante é “evitar silos na tomada de decisões, para que os executivos de negócio não fiquem fora das decisões técnicas e as façam por sua própria conta. É um aspecto chave do meu papel entender suas necessidades e oferecer-lhes a solução de TI certa, seja ela na nuvem pública ou privada. ”
Da mesma forma, a Christus Health tem processos para lidar com a atração de desonestos projetos de TI, CIO diz George Conklin.
“Temos o compromisso com a governança de TI que reduz a probabilidade de que alguém saia contratando serviços por conta própria, sem envolver a TI para assegurar que estamos fazendo as coisas certas”, diz Conklin.”Temos feito muito para educar as pessoas e ter uma estrutura de governança local que garanta que qualquer solução SaaS seja completamente controlada”, diz Conklin.
Kevin Christ, diretor sênior da Alvarez & Marsal Business Consulting, sugere que orientar os usuários de negócios é um melhor uso de seu tempo e energia. Com BYOD, por exemplo, a maioria dos CIOs já jogou a toalha e passou a concentrar-se na gestão de segurança, desempenho e considerações de acesso, observa ele.
“Maior envolvimento das áreas de negócio é uma tendência positiva desde que não leva à exclusão da função de TI”, diz Christ. “Os departamentos de TI que são vistos como mais-valia raramente são deixados de fora da decisão. Já o departamento de TI que age como um inibidor muitas vezes enfrenta o fim de gerência.”
Encontrar talentos
Uma das maiores barreiras para inovação em TI é o talento. Pelo lado positivo, o quadro de empregos é saudável.
Dezessete por cento dos CIOs disseram que pretendem expandir seus departamentos de TI no primeiro trimestre de 2013, o que é quase o dobro do número (9%) que estava planejando aumentos no quarto trimestre de 2012, relata a consultoria Robert Half Technology. As empresas retomaram as contratações e a expansão de suas forças de trabalho, mas o clima continua sendo de otimismo cauteloso, diz Jack Cullen, presidente da Modis.
Encontrar talentos continua a ser um desafio. Mais da metade (63%) dos CIOs consultados pela Robert Half disse que está difícil encontrar profissionais qualificados hoje. As habilidades de maior demanda são: gerenciamento de banco de dados, citada por 48% dos CIOs, administração de rede (47%) e desenvolvimento web/design do site (33%).
“A contratação foi um desafio [em 2012], especialmente em virtualização, SAN e programação”, diz Kaufman, da Supplies Network.
O imperativo de transformar a TI é outro complicador na hora da contratação.Na busca de candidatos, a visão de negócios tornou-se tão importante quanto o conhecimento técnico.
Está pronto para ser inovador?
Orçamentos apertados continuam a ser um obstáculo. As equipes de TI precisam descobrir como ser inovador sem tempo ou dinheiro para fazer muito mais do que manter as luzes acesas, diz Mann.
“Mas, definitivamente, os líderes de TI estão prontos para superar o desafio, e muitos deles estão mais adiantados do que pensam”, diz Mann. sobre o imperativo para a inovação. “Eles precisam desenvolver novas habilidades e abordagens, mas estão em condição de fazer isso.”
Conhecimento do negócio é essencial. CIOs de alto desempenho já usam boa parte do seu tempo para atender os principais clientes e fornecedores. Sabem como agem seus concorrentes, e as agendas dos seus pares C-level, porque falam continuamente com eles. “Estão familiarizados com a linguagem da indústria, não apenas em termos técnicos”, afirma Kevin Christ.
A TI precisa estar ao lado do CEO, diz Iyer. O CEO precisa tomar consciência de que a TI é uma função crítica, com papel importante na condução do crescimento do negócio.
Hoje, há uma oportunidade para a TI para recuperar o seu papel como conselheira de confiança e desempenhar um papel ativo na promoção da inovação, diz Mann. Quase todos os negócios de hoje dependem muito de tecnologia, e se uma empresa não está obtendo o máximo de tecnologia, não terá sucesso.
Tecnologias como a nuvem, mobilidade e mídia social podem destacar o seu potencial de inovação, diz Mann. “Isso faz com que a TI não seja apenas relevante novamente, mas importante.”
Fonte: Computerworld