Como atrair profissionais da geração Y

Estudo da Talenses revelou que 71% desses profissionais ficam de 3 a 6 meses numa mesma companhia. Especialistas dão dica de como aumentar a permanência desses profissionais nas organizações.

Estudos constatam que a Geração Y é a que mais muda de emprego. Pesquisa recente realizada pela Talenses, consultoria de recrutamento executivo, revelou que esses talentos ficam menos de dois anos na mesma companhia, o que segundo especialistas em Recursos Humanos, exige um esforço maior para entender como esses profissionais trabalham e pensar em um programa de retenção.

“Aproximando o olhar da geração Y, percebemos que 71% deles ficaram de 3 a 6 meses no último emprego. Esse é um dado preocupante e traz à luz a necessidade de gerar uma reflexão tanto dos profissionais dessa geração quanto dos empregadores. Trata-se de uma relação que ainda não está em sintonia”, analisa Luiz Valente, diretor geral da Talenses.

Janaina Khatchikian, vice-presidente da Ericsson Brasil, que participa de um programa global que a fabricante sueca está coordenando para preparar os líderes que vão comandar a companhia em 2020, constata que as gerações Y e Millennium não vão querer, o que ela chama de contratos de trabalho psicológico. Ou seja, serem contratados para vestirem a camisa da organização como acontecia com o baby boomer, que buscava um emprego para trabalhar a vida toda, até se aposentar.

“Os babies bommers não eram agressivos. Eles ficavam entre 25 a 30 anos numa mesma companhia. Os profissionais da geração Y, por exemplo, não querem esse modelo. Eles entram em uma empresa para atuar por projeto. Dão tudo de si, cumprem sua missão e vão embora. “Não existe mais contrato psicológico”, brinca ela.

Esse talento vem e vai embora para o mercado. Ao mesmo tempo, essa mão de obra é importante para a organização. Assim, o líder 2020 tem que estar muito bem preparado para não achar que o profissional jovem o deixou no meio de um projeto. Por isso, Janaina enfatiza a importância de a liderança saber como se manter conectada com a geração Y, que não está preocupada com vínculo com a empresa.

Janaina percebe que essa nova geração busca líderes para serem aliados, pois é movida pela vontade de crescer. Eles olham a companhia onde trabalham como uma startup, não como uma empresa grande. “Eles dizem ao chefe: ‘você me faz crescer e eu te dou resultado'”, comenta. É por essa razão que as pessoas que estão em comando de equipes precisam ser treinadas desde já para saberem como se tornar próximas desses profissionais empreendedores.

Percepção semelhante tem Noel Portugal, diretor de marketing e vendas da Emphasys IT Services, especializada na contratação de talentos para o segmento de tecnologia da informação. O executivo conta que em sua companhia um profissional da geração Y já foi e voltou umas três vezes para atuar em projetos diferentes.

O executivo conta que esse jovem talento sempre aparece com ideias de novos produtos, uma característica desses profissionais e que nem sempre é compreendida, pois muitas vezes  líderes não têm tempo para ouvi-los. Portugal brinca que alguns desses jovens são máquinas de ideias. Muitas nem sempre dão certo, mas que eles podem ser uma fonte de inovação para as companhias.

A recomendação de Portugal é que os CIOs e chefes desses jovens tenham paciência e que tentem ouvi-los para aumentar o engajamento deles com a empresa.

Para aumentar a taxa de retenção desses profissionais, o diretor da Emphasys IT Services lista abaixo algumas dicas:

 1- Ofereça treinamento
Treinar é algo importante para manter o nível de qualidade dos serviços da empresa, sem pensar que o profissional irá embora. Estabeleça políticas e regras bem claras para aqueles que serão eleitos aos treinamentos de sua empresa (meritocracia?). Crie uma cultura favorável ao aprendizado e não a permuta EmpregoxConhecimento;

2- Fique atento às promoções
Crie mais faixas em seu Plano de Cargos e Salários de forma que o tempo de promoção não tarde. Profissionais de TI odeiam ficar esperando um reconhecimento da empresa. O mesmo quando uma atividade ou projeto vai bem, reconheça sempre que possível, pois isso cria um ambiente favorável ao engajamento dos profissionais em busca de novos desafios;

3- Aloque pessoas no local e hora certa
Alterne as atividades sempre que possível, reveja seu portfólio de projetos para configurá-lo duração de tempo menor, se possível. Um prazo de até seis meses é considerado longo para manter profissionais de TI dedicados e com a mesma energia e motivação igual a do primeiro mês;

4- Não ignore talentos
Crie mecanismos para ler e interpretar melhor as necessidades do pessoal de TI e faça mais por eles. Às vezes, pedidos simples são ignorados em função de políticas rígidas e que não são tão importantes para profissionais de outras áreas;

5- Trabalhe com regras menos rígidas
Flexibilize para que o pessoal possa se sentir a vontade com as regras, estabeleça restrições, mas nunca proibições.

Algumas práticas adotadas atualmente são extremamente benéficas para os profissionais de TI da atualidade, tais como:

– Flexibilização de horários. Por mais rígida que seja a CLT, seja flexível estabelecendo faixas de horários para início e término de expediente. Se necessário lance mão do Banco de Horas que é previsto em lei;

–  Acesso internet. Faça uma pesquisa e verifique o que é mais importante para os profissionais. Libere imediatamente, pois eles darão um jeito de acessar do banheiro ou de fora da empresa, mesmo durante o expediente;

– Relaxe o ambiente.  Tornar o ambiente mais descontraído ajuda na produtividade, às vezes é necessário uma pausa para aguardar o melhor momento de inspiração. Salas de descompressão, ambientes agradáveis para leitura, sala de jogos, copa para refeições rápidas com frutas disponíveis entre outras são características de um ambiente mais adequado a este novo perfil;

– Mude o “dress code” da companhia. Também pode ajudar bastante, principalmente em dias muito quentes como é comum em nosso país. Estabeleça regras claras do que pode e do que não pode usar;

– Incentive a pratica de esportes, o uso de bicicletas, skate e tudo mais que possa servir como um meio de transporte saudável e barato. Lembrem-se que a geração Y é formada por jovens e precisam gastar muita energia.

 

Fonte: CIO/Computerworld por Edileuza Soares em 04 de abril de 2014